quinta-feira, agosto 31, 2006

Beijinho? Só se for aquele docinho...


Acho que um dos maiores dilemas de quem é gordo é a solidão. Beijar na boca é coisa de sonho. Meu último contato real desse tipo (por que minha imaginação é fértil como minha fome) foi com um amigo. Ele tinha bebido algumas e eu aproveitei. Não tenho vergonha de assumir que aproveitei a situação. Somos amigos há muito tempo e, na verdade, sou apaixonada por ele. Mas é claro que ele nunca quis nada comigo. Me trata super bem e tal, mas tá na cara que não o atraio como mulher. Também, com essa barriga, como poderia..? Sei disso. Só que ele exagerou na bebida e eu exagerei na cara de pau. Beijei mesmo. Foi bom demais. Ele finge que não lembra e eu finjo que não aconteceu. Agora ele está de rolo com uma outra amiga nossa. Ela é loira e linda. E eu tenho de engolir isso e fingir que sou amiguinha dos dois. Afinal, sou a gorda gente boa e bem-humorada, sempre pronta para fazer uma piada.

terça-feira, agosto 29, 2006

Cruel

Decidi fazer um blogger depois que minha ex-melhor amiga me disse algo inacreditável. Sim..pois sempre achei que os amigos devem nos amar como somos, mas ela foi incapaz disso. Eu disse algo que pensava e ela ficou paralisada por segundos que pareceram horas..me olhando com uma expressão assustada nos olhos, como se eu tivesse dito que havia atropelado uma velhinha de propósito, jogado o gatinho de estimação do meu irmãozinho na máquina de lavar roupa ou algo do gênero. Então me disse pausadamente, quase babando: "você é muito cruel". Ah, tá? EU sou cruel???? Eu simplesmente fui honesta. E me arrependi. Então decidi ter um lugar para desabafar. Assim não ficarei mais tão magoada como naquela hora. Os estranhos podem dizer o que quiserem, não me importo. Já me acostumei com os olhares tortos e debochados. Mas da minha melhor amiga eu esperava mais. Esperava que ela me compreendesse. Fiquei chateada, triste e...claro, fui fazer o que mais me deixa feliz nessas horas: comer uma big fatia de torta holandesa na confeitaria mais badalada da cidade. Já desisti de ser magra e feliz um dia. Assumi que sou gorda, que odeio ser gorda, que detesto meu corpo e minha vida. Mas não posso fazer nada para mudar isso. Não adianta esse papo de "força de vontade", "querer é poder" e toda essa babaquice de "você quer, você pode". Algumas pessoas precisam se empaturrar para viver bem. Eu morro se não puder me entupir de coisas gostosas. Uma colega no meu trabalho fez a tal cirurgia de estômago e é o ser mais deprimido que eu conheço. Está magra, sim. Conseguiu. E olha que ela nem era tão gorda quanto eu. Mas está feliz?? Não. Então vou continuar gorda e infeliz. Pelo menos posso continuar comendo tudo o que gosto. A coitada está magra, infeliz e não aguenta comer um caroço de feijão sem ficar arrotando azedo e passando mal o resto do dia. Agora ela tem que fazer horas mensais (caríssimas) de terapia para superar essa vontade de comer a boa e tradicional feijoada de fim-de-semana...com direito a caipirinhas e sorvete de sobremesa. Ela NUNCA mais vai poder fazer isso. E por isso mesmo é infeliz. Passou anos a fio comendo o que queria, mergulhando num pote de Napolitano de 2 litros sozinha... e, de repente tem um estômago que só aceita uma cereja... e olhe lá??? Ela tá no fundo do poço. Magra e deprimida. O que adiantou? Eu vou continuar infeliz, tudo bem...mas pelo menos vou ficar feliz quando quiser... Quando quiser, como algo que me deixa feliz e curto minha felicidade momentânea. Bom..acho que pra um primeiro dia está bom. Estou me sentindo melhor depois de escrever aqui. Minha terapeuta tinha razão (até que enfim ela teve razão em alguma coisa).